sábado, 29 de dezembro de 2012

ÁGUAS


     

derramei nas águas lágrimas silenciosas estupefatas
salguei meu sangue pequenos refluxos de água parada

ficaria sempre com o mar, o sussurrar do mar
água  água me deixe flutuar
recorde nas noites fechadas da cidade verticalizada
o murmurar de tuas ondas serenas ou bravias

esses homens, amante água, porque lhes tiraram a vida
o refluxo do espírito
o roçar das rochas nas noites escuras nubladas

somos tão poucos aqueles que te amamos
consultando música nuvens amores ou livros
perdidos em tantas épocas fazendo poemas ou ciência
ou sinfonias ou filhos e noites de paz e silêncio
ao redor de nossas famintas – descansadas almas

só nos resta a confidência com o próprio espectro remoendo ideias
estrelas para os outros homens que cravam suas miseráveis perfídias
neste solo que você, amante água, revigora apagando, repetindo teu ciclo
de naves e navegantes
delirantes em paisagens e visagens cíclicas  - o coração diluído em teu tempo.



sela
boca poeta
caliente
de presságios
e naufrágios

sela
cancela
mais sela
anoitece
teus mares
e o canto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário